Tenho um aluno surdo, e agora?

A Lei Brasileira da Inclusão prevê que as crianças surdas têm direito de frequentar escolas regulares que ofereçam ensino de qualidade, respeitando suas diferenças de aprendizagem. Independente das dificuldades de estrutura que encontramos nas escolas brasileiras para atender às necessidades das nossas crianças surdas, os professores têm papel fundamental nesse processo de inclusão.

Os professores que recebem em sua classe um aluno surdo precisam buscar informações sobre quais mecanismos contribuem para sua aprendizagem. Como o aluno surdo possui uma língua materna própria a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a legislação garante a ele o direito a um intérprete que possa auxiliá-lo no processo de comunicação em sala de aula. É importante ressaltar que o intérprete auxilia no processo de comunicação, porém a responsabilidade pela aprendizagem do aluno é do professor. Algumas atitudes práticas contribuem não somente com o processo de aprendizagem do aluno surdo, mas também com a sua integração social com os outros alunos da classe e entendimento de todos do pleno exercício de cidadania e verdadeira inclusão.

O aprendizado da Língua de Sinais: o professor precisa aprender a LIBRAS, mesmo que de forma básica, para interagir com seu aluno. Há diversos cursos presenciais disponibilizados pelo SESI, Institutos Federais e associações de surdos, além dos que são realizados à distância, totalmente online.

Envolvimento com o intérprete da LIBRAS: o intérprete na sala de aula é um aliado do professor e a sincronia entre os dois garante sucesso no ensino do aluno surdo. O professor pode aproveitar a ajuda desse profissional, envolvendo-o antecipadamente com os conteúdos de suas aulas.

Metodologia lúdica: o aluno surdo necessita essencialmente dos estímulos visuais e sensoriais que independem do som. O professor deve buscar alternativas lúdicas, que utilizem principalmente o campo visual para introduzir o conteúdo de forma divertida e que entretenha igualmente a todos.

Interação total: as atividades em sala de aula devem promover a interação total entre o aluno surdo com os outros alunos. Isso pode envolver o ensino de alguns sinais em LIBRAS para todos. Como por exemplo: se houver música, que todos os alunos aprendam a interpretação em LIBRAS juntos. O professor pode contar com a ajuda do intérprete para isso.

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Conhecimento da cultura surda: é importante que o professor se interesse pela cultura surda. Algumas literaturas auxiliam no processo de entendimento de como os surdos absorvem o mundo ao seu redor, como por exemplo: Educação de Surdos A aquisição da linguagem, de Ronice Muller de Quadros, (1997) e Educação de Surdos Desafios para a prática e formação de professores, de Camila Machado de Lima, (2015).

É possível melhorar a dura realidade escolar brasileira com mudança de atitude. E todos têm a ganhar: o professor, que exercita sua capacidade criativa e aperfeiçoa seu currículo; o aluno surdo que recebe ensino de qualidade e se sente, finalmente, parte de um todo e os outros alunos, que aprendem a respeitar as diferenças, desenvolvem a empatia e crescem enquanto seres humanos que constroem verdadeiramente um mundo mais inclusivo.

Conheça também nest post aqui no Blog > Práticas ludopedagógicas com crianças surdas e o uso da Libras.  

Post escrito por Raquel Sieves – Intérprete de Libras
Contato: raquel.sieves@gmail.com  

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