Educação financeira na escola: por que ensinar as crianças a cuidar do dinheiro?

Um dos grandes desafios dos brasileiros é gerir as finanças. De acordo com o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), o país entrou em 2019 com cerca de 62,6 milhões de pessoas em inadimplência – o que representa quase metade da população adulta e que demonstra o aumento constante no índice de contas atrasadas.

Também de acordo com o SPC, seis em cada 10 brasileiros admitem que nunca, ou somente às vezes, dedicam tempo a atividades de controle da vida financeira (dados de 2018). Além disso, uma em cada seis pessoas tem dificuldades de controlar ganhos e despesas e 35% utilizam cartão de crédito ou cheque especial para pagar as contas.

Os números revelam uma deficiência que pode ser percebida ainda na escola regular: a falta de educação financeira no Brasil. A Base Nacional Comum Curricular trata a educação financeira como um tema transversal que deve ser trabalhada dentro das demais disciplinas. Segundo a BNCC, esta abordagem “favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”.

Até dezembro de 2019 todas as escolas brasileiras devem estar adaptadas às diretrizes da base, que incluem a resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Para quem pretende auxiliar na mudança desse cenário e formar cidadãos mais conscientes sobre seus ganhos e gastos, elencamos algumas dicas para incluir educação financeira na aprendizagem escolar:

Abordagem multidisciplinar: cálculo de juros e de receitas X despesas em matemática, blocos econômicos e IDH em geografia, economia e moeda brasileiras em história. Para o professor é um grande desafio tratar do tema em sala de aula e a melhor maneira de realizar essa abordagem é adaptando o conteúdo já previsto. Para que o aluno possa assimilar o impacto da educação financeira na sua vida, atividades práticas podem auxiliá-lo. Juntos, os professores podem criar uma ação que englobe diferentes matérias e farão as crianças entenderem a importância do planejamento e as consequências que a falta dele pode trazer.

Dinâmicas e games: aprender brincando é sempre interessante. Para as crianças que começam a entender o conceito de comprar e a necessidade de se ter dinheiro para adquirir bens, jogos são ótimas opções. É importante não apenas ensinar qual o tipo de moeda utilizada no país ou quanto determinado objeto custará, mas também a necessidade e de poupar e gerir recursos. É isso o que propõe o game da PlayTable, Edu no Planeta das Galinhas. O game é voltado para crianças de 9 a 12 anos, que assumem o papel de Edu, um porquinho astronauta que precisa ajudar planetas vizinhos a melhorar suas economias locais. Fluxo de caixa, negociação, investimento e gestão de recursos são algumas das questões que as crianças aprendem durante o jogo. Veja no vídeo abaixo como funciona o game:

Projetos especiais: atualmente no Brasil existem projetos que proporcionam a educação financeira nas escolas. É o caso, por exemplo, do Jovens Empreendedores Primeiros Passos, do Sebrae. São ações multidisciplinares com objetivo de formar cidadãos mais conscientes e preparados para o mercado de trabalho. Já o programa Educar 3.0 criou o Educash, que utiliza games para ensinar educação financeira para crianças de 9 a 12 anos. A ideia utiliza a resolução de problemas como fio condutor para a aprendizagem e ao longo do jogo o estudante adquirem independência e autonomia, aprendendo vários contextos e desenvolvendo ainda criatividade e autonomia. Algumas cidades, como Porto Alegre (RS), instituíram na grade curricular municipal a disciplina de Educação Financeira, que prepara as crianças e ensinam como lidar com o dinheiro.

Outra ação que vale destacar e pode servir de inspiração é o Minha Grana. Criado pelo Colégio Ábaco, de São Paulo (SP), conta com ações que auxiliam os alunos a entenderem o valor do dinheiro, poupar, investir e até fazer bons negócios por meio de troca. Já o Banco Central conta com uma série de atividades tanto para adultos quanto crianças. Os cadernos educativos, por exemplo, trazem histórias de crianças e suas descobertas em relação ao mundo das finanças. É o caso da cartilha O Pagamento Mágico.

A partir de dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar completamente adaptados às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Playmove

Leia também

Modalidades

Categorias