Brincar é natural e instintivo para as crianças: a brincadeira oferece oportunidades de aprendizado ricas e significativas que as ajudam a desenvolver uma variedade de habilidades. Seja na escola ou em casa, há muitas vantagens na brincadeira.
O ato de brincar desenvolve importantes capacidades cognitivas. Crianças que brincam desenvolvem com mais facilidade as competências de resolução de problemas, pensamento lógico, planejamento, tomada de decisões e criatividade. Essas habilidades no futuro serão conhecidas como soft skills e as crianças que as dominarem sairão à frente no mercado de trabalho.
Além disso, importantes conhecimentos sociais e emocionais são construídos na infância com ludicidade. Interações com outras crianças de quaisquer idades auxiliam no desenvolvimento de cooperação, empatia, comunicação e autorregulação.
A aptidão física não fica de lado: as habilidades motoras finas e grossas vão se desenvolvendo em tarefas diárias, claro, mas também nos jogos e brincadeiras que as crianças inventam. Correr, pular, subir, equilibrar e até manipular objetos desde os primeiros anos de vida torna as crianças mais resistentes e consequentemente mais saudáveis (quando praticadas em ambientes seguros ou com o grau adequado de desafio).
Brincar também ajuda a desenvolver habilidades linguísticas por meio de canções, leituras, cantigas de roda, teatros e faz-de-conta, além de incentivar que elas conversem entre si para resolver possíveis disputas ou conflitos.
Além disso, a curiosidade e a imaginação são encorajadas por meio de brincadeiras que permitem a descoberta e a exploração de novas coisas, que pode ter um resultado em longo-prazo muito almejado pelas escolas: o amor pelo aprendizado contínuo.
É também com as brincadeiras que as crianças fazem sentido do mundo e ficam maravilhadas por ele. A autoexpressão é muito trabalhada desse jeito, pois é brincando que elas se sentem seguras e incentivadas a se expressar, podendo ser quem são com liberdade, tentar novidades e experimentar hipóteses.
A Base Nacional Comum Curricular reconhece a importância da brincadeira como um direito fundamental das crianças. De acordo com a BNCC, brincar é um aspecto essencial da educação infantil e enfatiza que os professores precisam planejar atividades que oportunizem jogos, atividades artísticas, esportes e brincadeiras, independentemente do conteúdo curricular.
A BNCC também instrui as escolas a investirem na estrutura física para permitir as brincadeiras: playgrounds, parques, ginásios, pistas e campos são importantes para o desenvolvimento de todas as habilidades mencionadas acima, assim como a espacial e motora.
O lúdico então se faz um componente essencial da educação infantil por melhorar aspectos sociais, emocionais, físicos e cognitivos.
Os professores podem planejar e aplicar a brincadeira na sala de aula sem perder de vista os objetivos educacionais por meio de diversas técnicas:
- Criar um ambiente com oportunidades
Salas de aulas podem (e devem) ser ambientes de exploração, curiosidade, brincadeira e diversão. Quando o espaço físico permite que essas coisas aconteçam, as crianças se sentem encorajadas a fazê-las.
- Usar teatros e contação de histórias para ensinar conteúdos
Todos nós já assistimos a uma peça de teatro protagonizada por fantoches. Esse tipo de dramatização, entre outras possibilidades, ajuda as crianças a entenderem conceitos complexos como eventos históricos ou processos científicos. Elas ainda engajam com personagens e podem ser protagonistas do próprio teatro.
- Incluir jogos nos planos de aula
Existem tantos jogos educacionais que fogem dos modelos clássicos de ensino que pode até ser difícil escolher. Começar de trás para frente pode ser uma boa tática: que habilidades os alunos devem desenvolver até o fim desta atividade? Quais são os objetivos pedagógicos por trás dela? Sabendo o caminho que quer seguir, o professor consegue definir qual jogo melhor se encaixa para aquele momento.
- Usar tecnologias digitais
Mesas digitais, tablets, aplicativos, aulas virtuais e outros recursos tecnológicos engajam mais e podem oferecer mais oportunidades de aprendizado do que os métodos tradicionais off-line.
Os professores também sentirão a influência do lúdico na educação de todas as idades:
- Maior engajamento e motivação por parte dos alunos
- Desenvolvimento otimizado de competências criativas e sociais
- Melhor gestão de sala de aula, já que crianças engajadas não ficam incomodadas ou entediadas
- Mais conexão com os alunos, que refletirá também na preferência pela matéria e no incentivo à aprendizagem dela
- Oportunidades de desenvolvimento profissional, visto que aplicar o lúdico exige a aprendizagem de novas estratégias e novos recursos
Incluir o lúdico na educação requer uma abordagem criativa e flexível, e pode causar impactos imensos no processo de ensino-aprendizagem: os alunos se sentirão mais engajados e envolvidos na matéria, por vezes até esquecendo que estão no ambiente escolar.
