Não é novidade que a educação sofreu gravemente com a pandemia: devido a fatores como o afastamento e falta de convívio social, a falta de recursos nas escolas para aplicar aulas a distância, o despreparo dos professores para lidar com a nova realidade, conexões ruins ou inexistentes à internet por parte de muitos alunos da rede pública e muito mais, um relatório divulgado pelo Banco Mundial afirma que mais de 70% dos alunos brasileiros até 10 anos não aprenderam a ler adequadamente.
Impactos atuais da pandemia
- Defasagem no aprendizado
Os desafios escolares no Brasil já são grandes, mas a pandemia agravou o quadro. 41% das crianças sem acesso à educação na pandemia tinham entre 6 e 10 anos, e as aulas remotas afetaram a alfabetização e o desenvolvimento apropriado.
- Aumento da desigualdade
Aqueles que já estavam em desvantagem econômica e social são os mais impactados, afinal, as escolas públicas são as que contam com alunos sem os recursos para o ensino a distância.
- Questões emocionais
Muitas crianças se sentiram desmotivadas, tristes e ansiosas com o ensino a distância, sentindo falta dos amigos e dos professores. Pais tiveram que se empenhar muito para auxiliar os filhos nas atividades em casa, o que os levou à exaustão.
Impactos futuros
Impactos futuros
Quanto ao mercado de trabalho para os jovens que hoje estão em idade escolar, pesquisas mostram que os empregos serão cada vez mais digitalizados, com menos demanda por recepcionistas, auxiliares de escritório e caixas de supermercado, por exemplo, que costumavam ser a porta de entrada para jovens de baixa renda no mercado.
A demanda crescente é por entregadores de aplicativo, um trabalho que apresenta mais riscos e não traz vínculo com nenhum empregador, deixando o trabalhador desamparado quanto a recursos.
Uma alternativa para os jovens é empreender, o que já é tendência na geração atual, mas o empreendedorismo trava quando há dificuldade de crédito e falta de formação, o que mais uma vez diminui as oportunidades para jovens de baixa renda.
A desigualdade atual entre excluídos e incluídos digitais também vai refletir na diferenciação na disputa das vagas de emprego: os que têm mais acesso a recursos digitais terão melhores espaços no mundo dos negócios, enquanto aos com menos acesso restam os subempregos e a “economia de bico”, que começou como forma de complementar a renda, mas acabou se tornando o ganha-pão principal de milhares de famílias.
Como amenizar os impactos
Diante da polarização cada vez mais evidente entre pobres e ricos, letrados e não-letrados digitais, é preciso repensar a formação básica para que ela possa, senão eliminar, amenizar os impactos dessa desigualdade. A compreensão do cenário é fundamental para construir estratégias de intervenção.
A escola, como principal agente do ensino básico formal, deve começar a pensar em equidade, oferecendo mais para quem precisa mais.
A formação de professores não deve ser deixada de lado, para que tragam à escola novas metodologias de ensino e aprendizagem, e para que se resgate o interesse dos jovens pela escola. A digitalização está trazendo ao mundo também uma nova era de estudantes com uma mentalidade mais ágil, acelerada e diferente dos alunos que não são nativos digitais.
A escola precisa acolher os alunos e professores, ser um espaço seguro para que todos se sintam confortáveis com suas vulnerabilidades. O diálogo entre alunos e professores para a construção do desenvolvimento educacional e emocional é mais importante do que nunca.
Agora, ainda mais do que antes, é preciso colocar o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem para que ele possa, com o auxílio do professor e da gestão escolar, liderar seu caminho, apontando e preenchendo as lacunas tão individuais de aprendizagem que ficaram por conta da pandemia. Práticas de metodologias ativas são incentivadas.
Também é preciso que a família seja integrada ao contexto escolar. Já que a escola precisa entender as falhas de aprendizagem que o ensino a distância deixou, é justo que as famílias falem sobre suas dificuldades para que as duas instituições consigam encontrar soluções juntas. Canais de comunicação digitais são importantes e práticos, mas vale lembrar que nem toda família tem acesso ilimitado à internet, então a escola também precisa promover encontros presenciais.
Para concluir, não tem como falar de exclusão digital e impacto da pandemia sem mencionar o uso de ferramentas digitais no ensino. Visando à diminuição da desigualdade digital, a escola precisa ser um ponto de contato dos alunos com ferramentas e o mundo virtual, agindo como uma aceleradora de letramento digital também. Isso envolve desde ferramentas de gestão até jogos educativos, como a PlayTable.