Cultura na sala de aula e o uso do repente como ferramenta ludopedagógica

Captar a atenção dos alunos não é fácil, e mantê-los interessados é ainda mais difícil. Transmitir conhecimento sem ser maçante tanto para o aluno quanto para o professor continua sendo um desafio da educação.

Que tal usar elementos da nossa cultura na sala de aula? O professor pode fazer uso de vídeos e jogos que mostrem músicas, danças e outras manifestações de artes brasileiras, mas também pode usar a própria voz e um violão (ou um bom playback), para tornar a aula mais atraente.

Explicar a regra de pontuação gramatical utilizando lousa e giz continua sendo uma didática de ensino. Agora, pensem em unir gramática, história e a arte do nordeste brasileiro, cantada no improviso, ou seja, criando um repente que use a rima para tratar do uso de interrogação, vírgula e exclamação. Conseguiram imaginar? Isso não só é possível como mostra um vídeo da TV Cultura, como já é uma atividade praticada em algumas escolas brasileiras.

O repente é rima improvisada. O estilo é característico da cultura popular nordestina e permite diversas abordagens diferentes. Podemos falar de matemática, português, história, ciências, tudo em forma de poesia, usando cultura na sala de aula de modo a facilitar o aprendizado e a memorização de regras. A própria origem do repente é explicada por meio da história. Surgiu de interpretação de canto e poesia a partir da tradição medieval dos trovadores e se firmou na cultura brasileira, em especial na região do sertão paraibano e pernambucano. A rima de improviso também se manifesta em outros ritmos, como rap e partido alto, e o professor pode associar os diversos tipos de música e estimular a criação por parte dos alunos do ensino fundamental, que já têm um domínio melhor das palavras.
 

Expor a diversidade da cultura na sala de aula

Explorar a participação dos alunos por meio do repente permite aos estudantes se apropriarem dessas experiências, analisarem criticamente e explorarem novas perspectivas no ambiente em que vivem, além de tornar a escola mais atuante e crítica. O educador brasileiro Paulo Freire afirma em seu livro Educação e Mudança que é necessário ter uma escola viva, em que se viva a cidadania e não uma escola onde um dia se sonhe em ser cidadão. A infância já cidadã é ser vivo já, é ser social. Muito se fala sobre a ludicidade na educação. A música, por si só, é uma forma de desenvolver a criatividade e conhecimento. Também estimula a curiosidade, a imaginação e o entendimento de forma descontraída e social. Portanto, ao aproximar a ludicidade da cultura do repente, o professor não se restringe apenas em ensinar de maneira mais divertida um conteúdo programático relacionado a alguma área do conhecimento, também discute e mostra a pluralidade da cultura popular brasileira. Quer ouvir mais conteúdo de maneira mais lúdica e com o sotaque nordestino? Assista a outro vídeo, também  produzido pela TV Cultura, desta vez sobre o sistema solar.

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